segunda-feira, 15 de março de 2010

e porque nada pode acontecer do jeito mais simples.

desde o início. cada passo, cada dia, cada vida. nada pode ser mais fácil. e vai, e anda, e cai. difícil. pode esforçar, pode mostrar, não vão ver. eles olham, mas não vêem. e cansa, e dói. e vem a vontade de correr. pulsa. como pulsa. correr pra bem longe, onde não se possa ver. o escape, o momento. tudo encaixa e tudo quebra. tempo ruim. tempo ruim. dia cinza.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

tudo o que é doce.

o dia não fica escuro e o som nunca para. o medo já não existe e pra quê ser tão adulto? é assim que é, é assim que tem que ser. tudo transcende dele, tudo o que é claro e manso. sorriso que atinge e colírio que alivia. o mundo é diferente, os dias não são iguais. as cores são muitas e colorem o que é cinza. era. o corte nunca é tão profundo. a dor traz a sua máscara. e a música que o tempo toca perpassa e mistura. mistura com o vento, transforma o inerte. sempre perto, sempre.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

alívio

um certo devir que transforma, um corte em linha reta,
o sangue que estanca, a vida que não pára, o dia que acaba,
o desejo do mundo, a quimera de tudo,
as roupas que se rasgam, as máscaras que grudam,
a cor do que não é,
o medo o leve o começo

domingo, 20 de setembro de 2009

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

por onde andei

Desculpe
Estou um pouco atrasado
Mas espero que ainda dê tempo
De dizer que andei
Errado e eu entendo

As suas queixas tão justificáveis
E a falta que eu fiz nessa semana
Coisas que pareceriam óbvias
Até pra uma criança

Por onde andei?
Enquanto você me procurava
Será que eu sei?
Que você é mesmo
Tudo aquilo que me faltava...

Amor eu sinto a sua falta
E a falta
é a morte da esperança
Como um dia
Que roubaram o seu carro
Deixou uma lembrança

Que a vida é mesmo
Coisa muito frágil
Uma bobagem
Uma irrelevância
Diante da eternidade
Do amor de quem se ama

Por onde andei?
Enquanto você me procurava
E o que eu te dei
Foi muito pouco ou quase nada
E o que eu deixei?
Algumas roupas penduradas
Será que eu sei?
Que você é mesmo
Tudo aquilo que me faltava..

sexta-feira, 31 de julho de 2009

A noite densa e escura foi cortada ao meio, separada em dois blocos negros de sono. Onde estava? Entre os dois pedaços, vendo-os - o que já dormira e o que ainda iria dormir -, isolada no sem-tempo e no sem-espaço, num intervalo vazio. Esse trecho seria descontado de seus anos de vida.

Perto do coração selvagem - Clarice.

terça-feira, 9 de junho de 2009

sai! rua deserta, caminho escuro, a pedra no chão e eu sangro. Limpo o sangue com a areia que piso e raspo. A carne sente, a areia entra. Sigo o cheiro e ainda corta. Ferida aberta, dia cinza. Canivete na mão e o corte aumenta. Rasgo a ferida, ela abre e desata. Engulo o trago que queima e estanca. Medo, dia cinza. O canivete risca o carro, arranha e a voz não sai. Corpo trancado, cano na boca. O gatilho que espera. Trago o gargalo pra boca e o gole anestesia. O gatilho. Dia cinza.